8 de jan. de 2010

Sigam-me os bons!

Se Deus criou o mundo em seis dias e no sétimo descansou, no oitavo deve ter criado a internet e suas inúmeras formas de inutilidades. Afinal, haja criatividade para tanta forma de nos fazer perder tempo!
Inicialmente, a internet era apenas uma forma de espionagem criada por soldados americanos. Com o tempo, tornou-se uma ferramenta sensacional de difusão de notícias em tempo real, e de conexão com pessoas em diversos cantos do mundo. Mas, ao mesmo tempo em que trouxe a informação, ela trouxe consigo suas “Coisas da Moda na Internet que Viciam”, de agora em diante abreviadas para CMV.
Uma grande CMIV foram os chats dos grandes portais, com destaque para o do Terra. Afinal, quem nunca entrou lá e perguntou “alguém quer tc?”. Depois vieram os fotologs, mania de dez entre dez adolescentes com acesso à internet há uns cinco anos atrás (e você pensava que já fazia uns séculos, né?). Mas, com o advento de outras CMIV, o fotolog perdeu sua utilidade e hoje encontra-se no limbo da obscuridade e do esquecimento, dividindo o mesmo banco com o ICQ.
O rei dos CMIV foi/é o Orkut, sem dúvida, este maldito indiano. Não é preciso aqui descrever suas utilidades e inutilidades, mas é fato que ele superou todas as barreiras e criou uma mania incrível na internet, ocupando por inteiro funções de outras CMIV, como os próprios fotologs. Afinal, o álbum de fotos do orkut nada mais é do que um grande fotolog, onde as pessoas podem deixar comentários sensacionais e complexos como “perfeita”, linda”, “ta gata”, etc.
Por fim, quando achávamos que não havia mais CMIV para serem criadas (doce ilusão), eis que surgiu no ano passado o Twitter. Assim como o Orkut, veio de mansinho, pegando as pessoas aos poucos. Inicialmente, eram só os que entendiam inglês, mas logo todos estavam lhe perguntando “Tu fez o teu Twitter?”. E assim como todas as CMIV anteriores, o Twitter tem as suas utilidades, e inutilidades, lógico.
Bom, toda esta introdução ridícula acima é apenas para anunciar que desde ontem eu, e portanto, este blog, também chega ao Twitter. Estou aqui ó: www.twitter.com/jpdeluca. Mas fiquem tranquilos: tentarei manter este blog o mais atualizado possível. Aliás, mais atualizado do que está no momento.
Portanto, agora vocês tem dois espaços chatos na internet. Apareçam nos dois. Mas desde já, deixo claro que este blog estará sempre acima de todas as outras ferramentas. Afinal, os vícios úteis também existem. Mas isso é outra história...

31 de dez. de 2009

Coisas que nós veremos em 2010:

-Muitas, mas muitas mesmo, matérias sobre a Copa do Mundo;
-Muitas, mas muitas mesmo, matérias sobre a África do Sul, principalmente sobre locais exóticos do país e da África de modo geral;
-Todo o país em verde e amarelo em junho e julho;
-Aquele velho e-mail que diz que no Brasil o ano só começa depois do Carnaval; mas como tem Copa do Mundo, só depois da Copa; mas como tem Eleições, só depois das Eleições; mas aí já é Natal...
-Pessoas que você nunca viu, pedindo seu voto;
-Pessoas garantindo a integridade de outras que você nunca viu;
-Piadas falando da chatice do horário eleitoral, sendo que na verdade deveria ser a coisa mais importante do país;
-Políticos que você só vê a cada quatro anos, aparecendo novamente na televisão;
-Pessoas dizendo que vão votar em branco ou nulo porque “político é tudo igual, não presta”;
-Escândalos políticos;
-Escândalos de subcelebridades na mídia;
-Quatorze novos “famosos”, participantes do Big Brother;
-Participantes eliminados do BBB dando entrevista no Faustão e dizendo que pretendem ser ator/atriz;
-Novos músicos surgindo e desaparecendo na mesma velocidade;
-Um axé cujo tema principal é “beijar na boca” sendo o novo hit do verão e do Carnaval;
-Fotos de mulheres na praia, todos os dias, nos jornais até o final de fevereiro;
-Novas novelas ditando a moda no Brasil;
-Estes mesmos itens que serão moda, estarão bregas três meses depois;
-Políticos falando que sua prioridade é saúde, educação e emprego;
-Se a Dilma ganhar, dezenas de matérias falando sobre a primeira mulher a governar o país;
-Muita conversa fiada;
-E, principalmente, pessoas com quem você nunca falou durante todo 2010 lhe desejando um Feliz 2011 na última semana do ano!

E a roda segue girando!

3 de nov. de 2009

Ela, sempre ela

O detalhe mais relevante de minha ida à Santa Catarina no último final de semana, além de descobrir que lá eles falam LANCHONETE ao invés de LANCHERIA, foi perceber o poder que a televisão tem sobre os demais meios de comunicação.
Bom, o leitor mais atento dirá: “E tu descobriu isso só agora, cara-pálida?”. É claro que não, mas os fatos decorridos apenas ratificaram minha opinião. Aliás, agradeço neste momento à língua portuguesa por nos oferecer uma palavra tão bonita como RATIFICAR.
Estava em Jaraguá do Sul para acompanhar a final da Liga Nacional de Futsal. Como das outras vezes em que trabalhei em quadra, me preparava para iniciar a transmissão quando veio a notícia: a televisão proibiu os profissionais de rádio de entrevistarem os jogadores antes e durante o jogo. Motivo: não atrapalhar a transmissão da televisão. A mesma situação aconteceu com os fotógrafos. Ora, estava para iniciar o jogo mais importante do ano, e nós não podíamos trabalhar plenamente. Fomos obrigados a ficar atrás da goleira durante o jogo, e bem atrás, nem no canto podíamos ficar. Além do risco de uma bolada, o que, convenhamos, vindo de uma bola de futsal não é muito saudável, tive que ficar o primeiro tempo acocorado e agachado sob os gritos de torcedores do time adversário atrás do gol, os quais reclamavam que não conseguiam assistir o jogo. Civilizadamente, gritavam “Abaixa!”, arremessando bolas de papel e ofendendo a integridade de minha querida mãezinha. Para garantir que nenhum repórter espertinho tentasse violar as “leis” impostas em cima da hora, dois seguranças de 3 metros de altura cada vigiavam nossas ações.
O mais indignante é saber que no início da competição, nas viagens longas, quando não há quase gente nos ginásios, a televisão não aparece. E quem está lá? Apenas as rádios. Ora, não é a toda-poderosa imprensa GLOBAL que diz carregar a bandeira da liberdade de imprensa, de trabalho dos profissionais da área e blábláblá? Pois esta mesma imprensa não deixa colegas trabalharem. E aí você pergunta? Bom, qual é a solução? Nenhuma. Há tempos a situação é sempre a mesma, e as rádios acabam ficando à mercê daqueles que só aparecem para lamber a cobertura da NEGA MALUCA (ns). Este é apenas um registro, de como a dita “liberdade de imprensa” acaba sendo cerceada pelos próprios profissionais do ramo. Para meu consolo, o repórter da Rádio Gaúcha que estava a meu lado também esbaforava de raiva.

15 de out. de 2009

Yes, he can

Tal qual um iraquiano que sai da porta de sua casa e vê uma bomba caindo sobre a sua cabeça, o mundo foi surpreendido no início desta semana com o anúncio do ganhador do Prêmio Nobel da Paz: Barack Obama. O presidente americano recebeu a honraria, segundo a comissão organizadora do prêmio, por seus “intensos esforços diplomáticos em prol da pacificação no planeta”. Em partes, podemos concordar, mas na minha opinião o prêmio ainda é um reflexo do “Efeito Obama” que tomou conta do planeta já faz um ano.
Tudo bem que Obama tem um trabalho árduo. Afinal, consertar todas as besteiras diplomáticas e militares que seu antecessor fez não é nada fácil. George “War” Bush conseguiu colocar os Estados Unidos num patamar de repulsa e aversão jamais alcançado anteriormente. Não é fácil carregar uma herança deixada por um presidente louco, sem neurônios e amigo íntimo da maior indústria americana, a indústria bélica. Por outro lado, dar o Nobel da Paz a um presidente americano surge como uma falta de sensatez. Como o presidente da nação mais imperialista, que estende seus tentáculos a quase todos os cantos do planeta, que com seu lixo cultural destrói as culturas de dezenas de nações, pode receber tamanha distinção?
Creio que isto pode ser visto como uma injeção de ânimo no planeta, numa proporção menor, mas semelhante àquela que vimos há um ano atrás, quando da eleição do mesmo Obama. O mundo estava mergulhado na pior crise desde 1929, e a eleição de um negro para a presidência do país mais poderoso do mundo caiu como uma luva para o planeta. Criou-se um sentimento de mudança, de novidades, algo que não víamos há muito tempo. O prêmio para Obama pode ser visto como isso, algo novo em um planeta que precisa de coisas novas.

Uma outra teoria que acabei de inventar também diz que pode ser uma forma de manter os Estados Unidos no centro. Óbvio que eles não foram parar em nenhum momento na periferia das discussões, mas a crise econômica certamente o fez perder um pouco de seu terreno, cujos lotes foram comprados por vários outros países do mundo, inclusive o nosso. Os Estados Unidos já não são mais o rei intocável dos anos 90, por isso é preciso mantê-los em alta. A eleição de Chicago para ser sede das Olimpíadas de 2016 fazia parte destes planos, mas foi frustrada pela linda, maravilhosa, desenvolvida, segura e incorruptível cidade do Rio de Janeiro.
Por fim, também não se pode mais considerar o Nobel como um “prêmio verdade absoluta”, pois a política e os interésses (abraço, Brizola) estiveram por trás de boa parte das premiações.
Mas o fato é que Obama é o Nobel da Paz e as bombas continuam caindo sobre Iraque e Afeganistão, as tropas continuam nestes países, as bases estadounidenses continuam na Colômbia, no leste da Ásia e em dezenas de nações “independentes”. Mas, para que esperar coerência? Afinal, não foi Nobel quem inventou a dinamite?

8 de out. de 2009

4 de out. de 2009

Mercedes Sosa.

Alguns arrependimentos marcam para o resto da vida. Muitas vezes você para e pensa: porque não fiz aquilo? Entretanto, é possível que novas oportunidades surjam e você consiga livrar-se deste arrependimento.
Porém, deste eu não conseguirei me livrar. Ano passado, Mercedes Sosa veio a Porto Alegre. Eu sabia do show, poderia ter tentado uma maneira de conseguir o ingresso. Porém, por pura preguiça ou por achar o ingresso “muito caro”, resolvi ficar em casa, mesmo sabendo que talvez seria a última oportunidade de ver “La Negra” ao vivo. E era mesmo.
Hoje, calou-se Mercedes Sosa. Calou-se a voz dos pobres, calou-se a voz daqueles que não tinham voz. Calou-se a maior cantora da América Latina de todos os tempos. Alguém por quem você chora, mesmo sem nunca ter conhecido.
Não é necessário escrever um post longo cheio de palavras de ternura para homenagea-la. Neste momento, o silêncio e o pensamento da falta que La Negra fará entre nós é a maior homenagem.

Duerme, Mercedes Sosa.

30 de set. de 2009

Sobre morros, cartuchos e esportes

Rági tem sete anos e vive num morro carioca, quase sempre descalço. Alterna sua rotina entre a casa da avó, a escolinha e as brincadeiras com os velhos cartuchos que os donos do morro deixam por aí. Algumas de suas vizinhas já começam a pendurar dentro dos barracos alguns enfeites de Natal, pois dezembro está chegando. A maioria dos enfeites são velhos, provenientes das casas das “patroas” onde as mulheres passam o dia fazendo faxina. Segundo sua mãe, Rági tem seu nome inspirado num personagem de novela, mas o escrivão do cartório fez questão de abrasileirar. É o caçula de oito filhos. Sua irmã mais velha, Sasha, já fugiu de casa fazem três anos. Para ele, disseram que foi trabalhar na Zona Sul, mas ele sabe que ela continua no morro, mais precisamente lá no alto.
Rági lembra daquele movimentado mês de agosto. Na escolinha, todos os dias eles tinham trabalhos referentes a esportes, a desenhar atletas. Às quatro da tarde, depois do lanche (a refeição mais completa do dia), sentava em frente à televisão de 14 polegadas da escola (a de 29 havia sido roubada no início do ano) e assistia, junto com seus colegas, ao movimento que acontecia na mesma cidade em que ele vivia, mas numa realidade totalmente alheia à sua. Lembra também daquele dia em que três homens bem altos, usando camisetas com as cores azul e vermelha subiram no morro, acenaram, passaram a mão na cabeça de algumas crianças (Rági não teve esta sorte) e foram embora. Foi o único contato que ele teve com aquela gente estranha que viveu na sua cidade naquele ensolarado agosto.
Lembra também das palavras da sua mãe (nunca conheceu o pai) no início daquele ano: “Filho, tu vai ver como a nossa vida vai mudar esse ano, o pessoal da televisão ta falando isso”.
Mas ele já estava em novembro e um dia foi com os amigos da escolinha numa excursão pelo centro. Passaram em frente àquele estádio novo que haviam construído, mas que depois da festa não havia sediado quase nenhum evento. Ouviu duas professoras comentando que uma delas havia pensado em comprar um apartamento de uma tal de “Vila”, mas desistiu depois de ler no jornal que muitos apartamentos apresentavam rachaduras, resultado da construção apressada para que ficassem prontos a tempo. Visitando os lugares que viu na televisão lá em agosto, ficou sabendo que a Prefeitura havia aberto inscrições para escolinhas de basquete e handebol, mas sua mãe disse que não tinha dinheiro para pagar a inscrição e nem o uniforme.
Voltou para casa um pouco antes do previsto, pois estava chovendo e tinha medo que acontecesse a ele o que aconteceu com dois de seus coleguinhas, que morreram soterrados no morro vizinho no último deslizamento. Ao chegar em casa, sua mãe lhe informou que não haveria aula no dia seguinte, pois ela foi informada em seu celular que um aluno morreu vítima de bala perdida. Além disso, já eram 19 horas e depois desse horário os donos do morro não deixam mais ninguém circular livremente por ali.
E assim sua vida seguia. Amanhã brincará com dois cartuchos novos que encontrou no caminho de casa. Sonha em ser dono do morro quando crescer. Vai dormir com fome porque não houve janta naquela noite, pois sua mãe não tinha dinheiro. Mas dorme feliz, porque aquele estádio era mesmo muito bonito, e aquilo existia na sua cidade.

Rio de Janeiro, novembro de 2016.

15 de set. de 2009

As xerocadoras e a imortalidade

Vou abrir este post contando uma piada para vocês: Collor é o novo Imortal da Academia Alagoana de Letras. Quer que essa piada fique mais engraçada? Ele foi eleito mesmo sem ter vendido um único livro ao público. Quer chorar agora? É tudo verdade.
Pois é. Fernando Collor de Melo solicitou sua inclusão na Academia usando como argumentos publicações impressas na Gráfica do Senado. São discursos e artigos impressos por gráficas oficiais, sendo que nenhum foi colocado à venda. Dos sete materiais entregues à academia, inclusive, seis eram cópias, e apenas um, original.

É muita imortalidade

Isto mostra o quanto as pessoas estão carentes de novas lideranças, de “novos Imortais”, de cabeças realmente pensantes. A notícia acima surge como ridícula, mais ridícula ainda se pensarmos que integrantes de Academias de Letras, teoricamente, são pessoas letradas, com opinião formada e dotadas de muita informação. Mas não é difícil de imaginar como conseguem fazer tal façanha, uma vez que a família Collor de Melo está para Alagoas como a família ACM está (ou estava?) para a Bahia. Além disso, dominam praticamente todos os meios de comunicação do estado, mais ou menos como acontece com uma tal de família Sirotski em outro estado brasileiro.
Precisamos urgentemente de novos nomes, de pessoas que pensem diferente, de alternativas, de quebras de paradigmas. Do contrário, estaremos condenados eternamente a notícias ridículas como essa aí de cima, que mais parecem piadas.
Mas quem sabe a situação não esteja mudando, não é mesmo? Afinal, o povo brasileiro está crescendo culturalmente. Já está falando expressões de outros idiomas, como “are baba” e “auspicioso”.

7 de set. de 2009

Toca Victor e Leo! (ou O Rei está morto, viva o Rei!)

Vinte anos e dezesseis dias sem Raul Seixas. Eu digo “sem”, mas claramente não é o mesmo ‘sem’ usado quando, por descuido, esquecemos algum badulaque em casa. Recentemente, Raul nos deixou uma pequena surpresa – a canção Gospel, com a letra integral, na época censurada. Pois bem. Domingo, Fantástico na TV, Alessandro conferindo na sala. De repente, com todo o dinamismo do sensacionalismo comum da TV brasileira, aquele anúncio de uma música inédita do Raul e um trechinho da música - Por que o sol nasceu de novo e não amanheceu?, tchu tchu tchu. Estarreci. Meu irmão, que estava comigo na sala, presenciou cabriolas de um estarrecido. Não podia acreditar. A música não era inédita! Fora gravada, décadas antes, em 1974, pela Sônia Santos, especialmente para a trilha da novela O Rebu da Rede Globo, composta por Raul Seixas e Paulo Coelho. Tal era o motivo do estarrecido.
Quem pensa que fui conferir esta história mal contada, levante a mão. Fui conferir como bom raulseixista. Realmente, a música não era inédita. Fora gravada por alguns covers, inclusive. Mas a interpretação e a letra eram, praticamente. Quase tudo inédito, salvo aquilo que, na época, a censura deixou passar. Pela primeira vez, Gospel (este é seu nome original) ganhou seu espaço na discografia oficial do baiano, apresentou-se ao século XXI com arranjos tão sublimes quanto merecidos. Que boa surpresa, a do Raul! Quem quiser conferir, http://www.youtube.com/watch?v=PTWdpW648hE está aí o endereço no YouTube.
A letra é um questionamento do início ao fim. Poucas pessoas lembram, mas na infância, o Livro dos Porquês era um dos seus favoritos.
Então, parece que mais um raulseixista endeusa Raul Santos Seixas, nascido em 28 de junho de 1945, falecido em 21 de agosto de 1989. Que nada! Enquanto formos simples admiradores da obra de um artista genial, que foi realmente, é comum tornar um homem deus. Também fi-lo há algum tempo. Porém, após algumas tempestades, o conúbio é desfeito. Permanece o fã, cria-se o Homem-Estrela. Porque todo homem e toda mulher é uma estrela, é o que diz a Sociedade Alternativa. Não posso dizer que Raul não queria fãs, é claro que queria, era músico, artista, assim vivia. Mas, antes disso, que fosse integral, esta humanidade. A fim de que cessassem os endeusamentos. Raul queria que nos reconhecêssemos como Homens, terrenos, construtores do milagre de poder andar sobre a Terra, nossa casa. Que eu fosse Aleísta do meu Aleísmo, que o João fosse Joãoísta do seu Joãoísmo, e assim substantivamente (como diria o Chaves). Claro, com bastante calma nesta hora, cuidado com certos egoísmos escondidos – que comandam – sob as boas intenções. E, para tanto, é preciso questionar-se. Carpir o que aparenta ser a nossa própria essência. Podemos ser a causa dos problemas nossos! Que me arguam os provincianos.
Não faço destas as palavras do próprio Raul, não sou seu representante terreno, nem hei de ser, nem quero, pelo bem da sua mensagem – que não tem valor político ou científico, como querem alguns. Fico feliz por este mundo não ser apenas política e ciência! Raul era um egoísta, um anarquista. Mas isto fica para outra oportunidade.

Certo, gosto de uma boa troca de idéias (ainda não estou de acordo com o acordo ortográfico, mas logo estarei!), portanto, caso alguém queira conversar, escreva-me! manica_439@hotmail.com, é meu MSN e e-mail.

Você pode não estar dentro da Sociedade Alternativa, mas a Sociedade Alternativa sempre esteve dentro de você! Viva, Viva!



Este texto é uma belíssima contribuição do chato e revolucionário Alessandro Mânica, dando início ao projeto de expansão editorial dos chatos pelo mundo.

31 de ago. de 2009

Kaká, jogamos no mesmo time

Qual a semelhança entre eu e Kaká? “Nenhuma”, dirá a célebre leitora com um pôster do RENASCER MAN grudado na parede. Pois existe uma sim: ambos jogamos futebol. Por mais paradoxal que possa parecer, ambos fazem a mesma coisa, mas de forma totalmente diferente. E é aí que entra a teoria que inventei há cinco minutos atrás de que existem dois tipos de futebol.
O primeiro é o futebol circo, aquele que atrai multidões para um estádio de futebol, aquele que aliena, que cega, mas que também apaixona, cria sentimentos e todas essas coisas que Nélson Rodrigues falava em suas crônicas.
Na semana passada, cinco homens armados invadiram o vestiário da Portuguesa, equipe que está na segunda divisão do futebol brasileiro. O motivo: o time havia perdido uma partida em casa e os homens foram lá tirar satisfação. No dia seguinte, um outro jogador, acho que o Rogério Ceni, disse: “Por que não vão fazer isso lá no Congresso?”. Confesso que foi a primeira vez que respeitei esse cara. A situação do Senado e da Câmara dos Deputados está tão podre que até me desanimo a escrever um post sobre isso (mas o farei nos próximos dias). Já falei várias vezes neste blog e volto a repetir: no dia em que o brasileiro tiver tanta capacidade de revolta com o Congresso como tem para com o técnico do seu time, o Brasil vai realmente dar seu grande salto. Sonho com o dia em que o povo deste país vai conhecer tanto o candidato em que vai votar como conhece o lateral esquerdo reserva do seu time. Nesse ponto, ainda temos muito a aprender com nossos vizinhos argentinos, que, se por um lado são tão doentes como nós por futebol, por outro tem uma capacidade de mobilização política que está a anos-luz de nós, os pentacampeões do mundo.

Por outro lado, existe o meu futebol. Aquele que faz as pessoas acordarem cedo no domingo de manhã para irem até o interior e enfrentar uma temperatura de 30º para correr atrás de uma bola, tendo como recompensa disso apenas uma muy valorosa costela gorda e cheia de colesterol no almoço. Aquele futebol que faz com que o cara dê um carrinho violento dentro da área sem grama, esfolando toda a sua perna e deixando-a imobilizada por um bom tempo. Aquele futebol que, ao marcar um gol, não te faz correr para a arquibancada, pois não há ninguém lá, mas sim para abraçar aquele bando de amigos que irão te pagar uma cerveja logo após o jogo.

E qual a conclusão que se toma disso? A princípio, nenhuma, pois ainda estou criando a teoria, e, afinal, esse é um papo chato mesmo. Enquanto isso, só nos resta continuar a gastar dinheiro para ir ao circo.

Ou ao interior.