3 de nov. de 2009

Ela, sempre ela

O detalhe mais relevante de minha ida à Santa Catarina no último final de semana, além de descobrir que lá eles falam LANCHONETE ao invés de LANCHERIA, foi perceber o poder que a televisão tem sobre os demais meios de comunicação.
Bom, o leitor mais atento dirá: “E tu descobriu isso só agora, cara-pálida?”. É claro que não, mas os fatos decorridos apenas ratificaram minha opinião. Aliás, agradeço neste momento à língua portuguesa por nos oferecer uma palavra tão bonita como RATIFICAR.
Estava em Jaraguá do Sul para acompanhar a final da Liga Nacional de Futsal. Como das outras vezes em que trabalhei em quadra, me preparava para iniciar a transmissão quando veio a notícia: a televisão proibiu os profissionais de rádio de entrevistarem os jogadores antes e durante o jogo. Motivo: não atrapalhar a transmissão da televisão. A mesma situação aconteceu com os fotógrafos. Ora, estava para iniciar o jogo mais importante do ano, e nós não podíamos trabalhar plenamente. Fomos obrigados a ficar atrás da goleira durante o jogo, e bem atrás, nem no canto podíamos ficar. Além do risco de uma bolada, o que, convenhamos, vindo de uma bola de futsal não é muito saudável, tive que ficar o primeiro tempo acocorado e agachado sob os gritos de torcedores do time adversário atrás do gol, os quais reclamavam que não conseguiam assistir o jogo. Civilizadamente, gritavam “Abaixa!”, arremessando bolas de papel e ofendendo a integridade de minha querida mãezinha. Para garantir que nenhum repórter espertinho tentasse violar as “leis” impostas em cima da hora, dois seguranças de 3 metros de altura cada vigiavam nossas ações.
O mais indignante é saber que no início da competição, nas viagens longas, quando não há quase gente nos ginásios, a televisão não aparece. E quem está lá? Apenas as rádios. Ora, não é a toda-poderosa imprensa GLOBAL que diz carregar a bandeira da liberdade de imprensa, de trabalho dos profissionais da área e blábláblá? Pois esta mesma imprensa não deixa colegas trabalharem. E aí você pergunta? Bom, qual é a solução? Nenhuma. Há tempos a situação é sempre a mesma, e as rádios acabam ficando à mercê daqueles que só aparecem para lamber a cobertura da NEGA MALUCA (ns). Este é apenas um registro, de como a dita “liberdade de imprensa” acaba sendo cerceada pelos próprios profissionais do ramo. Para meu consolo, o repórter da Rádio Gaúcha que estava a meu lado também esbaforava de raiva.