Fazem seis anos já. Corria o longínquo 2002. Garibaldi mal havia começado a receber asfalto no centro, Obama era apenas mais um negro dos EUA e eu ainda acreditava que jamais o Inter seria campeão mundial. Pois bem. Foi no distante 2002, mas eu me lembro como se fosse hoje.
Eu era apenas um estudante do ensino médio a alguns meses da formatura, e estava prestes a começar apenas mais uma aula. Mas era véspera de eleição presidencial. E, na aula de literatura, a professora passou TODO o período tentando nos convencer a votar em José Serra (PSDB) e a humilhar Lula (PT). Lembrando, para quem não sabe, que as aulas tinham (e ainda tem) a duração de duas horas, e não de meros 50 minutos. Pois foram duas horas de argumentos do tipo: “Como votar em alguém que nunca trabalhou?”, “Como votar em um cara semi-analfabeto”, “Como votar em um cara que tem nove dedos”, entre outras. Percebi muitos de meus colegas transformados por aquele discurso, os quais saíram daquela aula nutrindo um ódio mortal pelo PT. Eu não caí na conversa, mas me mantive na minha, afinal não passava de mais um alienado estudante secundarista. Fosse hoje, e não sei o que faria com aquela professora. Não sei.
Digo isso para mostrar nossa situação como professor. Vida dura, essa. Ao mesmo tempo em que temos que fazer com que os alunos pensem com suas próprias cabeças, também é dever deixá-los tomar a decisão que acharem melhor. Eu poderia muito bem, nestes meus dois meses de estágio no ensino médio, ter discursado para que meus alunos votassem no PT nas últimas eleições municipais. Mas não poderia fazer isso. Seria injusto com eles, seria injusto com todos. É dever do professor apenas apresentar os meios (e os fins) para que eles pensem com suas próprias cabeças, e não influenciá-los diretamente. Meus alunos perceberam o quanto não gosto da Rede Globo, mas o que passei a eles foi a oportunidade de saber raciocinar e analisar as informações transmitidas pela tv do Marinho. E foi assim que terminei meu estágio, com a esperança de ter desatado alguns nós no cérebro daquela gurizada para liberar as correntes de pensamento.
Quanto àquela professora, bem, ela ainda continua dando aulas por aí. Espero não encontrá-la em alguma sala dos professores num futuro próximo. Mas, se isso acontecer, terei o maior prazer em vestir vermelho.
Eu era apenas um estudante do ensino médio a alguns meses da formatura, e estava prestes a começar apenas mais uma aula. Mas era véspera de eleição presidencial. E, na aula de literatura, a professora passou TODO o período tentando nos convencer a votar em José Serra (PSDB) e a humilhar Lula (PT). Lembrando, para quem não sabe, que as aulas tinham (e ainda tem) a duração de duas horas, e não de meros 50 minutos. Pois foram duas horas de argumentos do tipo: “Como votar em alguém que nunca trabalhou?”, “Como votar em um cara semi-analfabeto”, “Como votar em um cara que tem nove dedos”, entre outras. Percebi muitos de meus colegas transformados por aquele discurso, os quais saíram daquela aula nutrindo um ódio mortal pelo PT. Eu não caí na conversa, mas me mantive na minha, afinal não passava de mais um alienado estudante secundarista. Fosse hoje, e não sei o que faria com aquela professora. Não sei.
Digo isso para mostrar nossa situação como professor. Vida dura, essa. Ao mesmo tempo em que temos que fazer com que os alunos pensem com suas próprias cabeças, também é dever deixá-los tomar a decisão que acharem melhor. Eu poderia muito bem, nestes meus dois meses de estágio no ensino médio, ter discursado para que meus alunos votassem no PT nas últimas eleições municipais. Mas não poderia fazer isso. Seria injusto com eles, seria injusto com todos. É dever do professor apenas apresentar os meios (e os fins) para que eles pensem com suas próprias cabeças, e não influenciá-los diretamente. Meus alunos perceberam o quanto não gosto da Rede Globo, mas o que passei a eles foi a oportunidade de saber raciocinar e analisar as informações transmitidas pela tv do Marinho. E foi assim que terminei meu estágio, com a esperança de ter desatado alguns nós no cérebro daquela gurizada para liberar as correntes de pensamento.
Quanto àquela professora, bem, ela ainda continua dando aulas por aí. Espero não encontrá-la em alguma sala dos professores num futuro próximo. Mas, se isso acontecer, terei o maior prazer em vestir vermelho.