31 de ago. de 2009

Kaká, jogamos no mesmo time

Qual a semelhança entre eu e Kaká? “Nenhuma”, dirá a célebre leitora com um pôster do RENASCER MAN grudado na parede. Pois existe uma sim: ambos jogamos futebol. Por mais paradoxal que possa parecer, ambos fazem a mesma coisa, mas de forma totalmente diferente. E é aí que entra a teoria que inventei há cinco minutos atrás de que existem dois tipos de futebol.
O primeiro é o futebol circo, aquele que atrai multidões para um estádio de futebol, aquele que aliena, que cega, mas que também apaixona, cria sentimentos e todas essas coisas que Nélson Rodrigues falava em suas crônicas.
Na semana passada, cinco homens armados invadiram o vestiário da Portuguesa, equipe que está na segunda divisão do futebol brasileiro. O motivo: o time havia perdido uma partida em casa e os homens foram lá tirar satisfação. No dia seguinte, um outro jogador, acho que o Rogério Ceni, disse: “Por que não vão fazer isso lá no Congresso?”. Confesso que foi a primeira vez que respeitei esse cara. A situação do Senado e da Câmara dos Deputados está tão podre que até me desanimo a escrever um post sobre isso (mas o farei nos próximos dias). Já falei várias vezes neste blog e volto a repetir: no dia em que o brasileiro tiver tanta capacidade de revolta com o Congresso como tem para com o técnico do seu time, o Brasil vai realmente dar seu grande salto. Sonho com o dia em que o povo deste país vai conhecer tanto o candidato em que vai votar como conhece o lateral esquerdo reserva do seu time. Nesse ponto, ainda temos muito a aprender com nossos vizinhos argentinos, que, se por um lado são tão doentes como nós por futebol, por outro tem uma capacidade de mobilização política que está a anos-luz de nós, os pentacampeões do mundo.

Por outro lado, existe o meu futebol. Aquele que faz as pessoas acordarem cedo no domingo de manhã para irem até o interior e enfrentar uma temperatura de 30º para correr atrás de uma bola, tendo como recompensa disso apenas uma muy valorosa costela gorda e cheia de colesterol no almoço. Aquele futebol que faz com que o cara dê um carrinho violento dentro da área sem grama, esfolando toda a sua perna e deixando-a imobilizada por um bom tempo. Aquele futebol que, ao marcar um gol, não te faz correr para a arquibancada, pois não há ninguém lá, mas sim para abraçar aquele bando de amigos que irão te pagar uma cerveja logo após o jogo.

E qual a conclusão que se toma disso? A princípio, nenhuma, pois ainda estou criando a teoria, e, afinal, esse é um papo chato mesmo. Enquanto isso, só nos resta continuar a gastar dinheiro para ir ao circo.

Ou ao interior.

4 comentários:

  1. "Pois existe uma sim: ambos jogamos futebol"
    Isso que é auto-estima heim! hahaha

    Concorda comigo João, é pão e circo, os estádios são coliseus, essa coisa toda.
    Abraço!

    ResponderExcluir
  2. Mas eu concordo contigo Alê Meneses, tanto é que eu falo no texto aí no circo... O que eu falo é que existe o futebol real também, aquele faz amizades, alegrias, etc. Pensando bem, é um circo também, hahaha

    ResponderExcluir
  3. Disseste bem Deluca...No dia que nosso povo souber exigir de nossos representantes no poder, como exigem dos técnicos do seu time do coração, quem sabe nosso país comece a andar pra frente, quissá, em passos largos.
    Infelizmente grande parte dos eleitores estão mais preocupados com um título do campeonato brasileiro do que com algo que lhes põe comida na mesa e lhes oferece saúde, educação e emprego.
    Enquanto isso não acontece vamos jogando futebol no interior, assistindo ao circo na TV (aqui me refiro ao circo do senado), comendo uma costela gordurosa e tomando uma cerveja depois do jogo..
    Abraço

    ResponderExcluir
  4. já que nao jogo futebol e achei melhor ignorar a velha situaçao da política no brasil, fiquei pensando na costela mesmo! essa sim vale a pena!
    hahahaha! bjo johnny!

    ResponderExcluir