7 de set. de 2009

Toca Victor e Leo! (ou O Rei está morto, viva o Rei!)

Vinte anos e dezesseis dias sem Raul Seixas. Eu digo “sem”, mas claramente não é o mesmo ‘sem’ usado quando, por descuido, esquecemos algum badulaque em casa. Recentemente, Raul nos deixou uma pequena surpresa – a canção Gospel, com a letra integral, na época censurada. Pois bem. Domingo, Fantástico na TV, Alessandro conferindo na sala. De repente, com todo o dinamismo do sensacionalismo comum da TV brasileira, aquele anúncio de uma música inédita do Raul e um trechinho da música - Por que o sol nasceu de novo e não amanheceu?, tchu tchu tchu. Estarreci. Meu irmão, que estava comigo na sala, presenciou cabriolas de um estarrecido. Não podia acreditar. A música não era inédita! Fora gravada, décadas antes, em 1974, pela Sônia Santos, especialmente para a trilha da novela O Rebu da Rede Globo, composta por Raul Seixas e Paulo Coelho. Tal era o motivo do estarrecido.
Quem pensa que fui conferir esta história mal contada, levante a mão. Fui conferir como bom raulseixista. Realmente, a música não era inédita. Fora gravada por alguns covers, inclusive. Mas a interpretação e a letra eram, praticamente. Quase tudo inédito, salvo aquilo que, na época, a censura deixou passar. Pela primeira vez, Gospel (este é seu nome original) ganhou seu espaço na discografia oficial do baiano, apresentou-se ao século XXI com arranjos tão sublimes quanto merecidos. Que boa surpresa, a do Raul! Quem quiser conferir, http://www.youtube.com/watch?v=PTWdpW648hE está aí o endereço no YouTube.
A letra é um questionamento do início ao fim. Poucas pessoas lembram, mas na infância, o Livro dos Porquês era um dos seus favoritos.
Então, parece que mais um raulseixista endeusa Raul Santos Seixas, nascido em 28 de junho de 1945, falecido em 21 de agosto de 1989. Que nada! Enquanto formos simples admiradores da obra de um artista genial, que foi realmente, é comum tornar um homem deus. Também fi-lo há algum tempo. Porém, após algumas tempestades, o conúbio é desfeito. Permanece o fã, cria-se o Homem-Estrela. Porque todo homem e toda mulher é uma estrela, é o que diz a Sociedade Alternativa. Não posso dizer que Raul não queria fãs, é claro que queria, era músico, artista, assim vivia. Mas, antes disso, que fosse integral, esta humanidade. A fim de que cessassem os endeusamentos. Raul queria que nos reconhecêssemos como Homens, terrenos, construtores do milagre de poder andar sobre a Terra, nossa casa. Que eu fosse Aleísta do meu Aleísmo, que o João fosse Joãoísta do seu Joãoísmo, e assim substantivamente (como diria o Chaves). Claro, com bastante calma nesta hora, cuidado com certos egoísmos escondidos – que comandam – sob as boas intenções. E, para tanto, é preciso questionar-se. Carpir o que aparenta ser a nossa própria essência. Podemos ser a causa dos problemas nossos! Que me arguam os provincianos.
Não faço destas as palavras do próprio Raul, não sou seu representante terreno, nem hei de ser, nem quero, pelo bem da sua mensagem – que não tem valor político ou científico, como querem alguns. Fico feliz por este mundo não ser apenas política e ciência! Raul era um egoísta, um anarquista. Mas isto fica para outra oportunidade.

Certo, gosto de uma boa troca de idéias (ainda não estou de acordo com o acordo ortográfico, mas logo estarei!), portanto, caso alguém queira conversar, escreva-me! manica_439@hotmail.com, é meu MSN e e-mail.

Você pode não estar dentro da Sociedade Alternativa, mas a Sociedade Alternativa sempre esteve dentro de você! Viva, Viva!



Este texto é uma belíssima contribuição do chato e revolucionário Alessandro Mânica, dando início ao projeto de expansão editorial dos chatos pelo mundo.

2 comentários:

  1. Eli envergonhada por não ter dado a sua contribuição chata para o blog quando solicitada.

    nhé

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