30 de ago. de 2008

Golfinhos, a bênção de Havana

Difícil escrever algo quando ainda se está psicologicamente alterado. E desta vez não foram gols vermelhos no Olímpico, Lasier Martins ou algo do gênero.
Quando se volta de uma aula da faculdade onde o professor/palestrante distorce completamente as informações, oferece aos alunos algo onde está intrínseco que deseja implantar um pensamento tendencioso, quando se manipulam imagens e fatos a favor de um sistema, é difícil, muito difícil, não se revoltar com certas coisas.
Não sei por que cargas d’água fui deixar a cadeira de ECONOMIA para meu último semestre na faculdade. Empurrei até não ter mais jeito. Maldita a hora em que tive essa decisão. Tivesse eu feito Economia no primeiro semestre, e eu estaria um pouco mais alienado, acharia apenas uma cadeira para encher lingüiça e não daria a mínima para o que o professor falasse. Mas não, a besta aqui deixou para o fim. Agora, que agüente as conseqüências.
A aula de hoje foi dedicada única e exclusivamente a acabar com Cuba. Foi dedicada a uma palestra de um senhor que esteve em Cuba como TURISTA e emitiu sua opinião sobre o país que meu professor classificou como “A DISNEYLÂNDIA DOS ESQUERDISTAS”. Prato cheio para ser implantado em um turma de alunos de engenharia, onde eu sou o único cara com papos chatos. Acho que eles devem estar certos. Bom mesmo é falar de motor de carro.


Principal guia de viagem do palestrante
Enfim. O que mais dá raiva é a forma como o palestrante ESCULACHA Cuba. Tudo preparado de tal forma que não pareça premeditado. Em TODOS, eu disse TODOS os pontos negativos, o palestrante usou a fala de algum morador de Cuba, querendo dizer, com isso: “Olha, não sou eu que estou dizendo, são os cubanos”. Sem falar nas imagens. Ele usou apenas das PIORES imagens possíveis da ilha. Para se ter uma idéia, ele mostrou uma placa da entrada de um clube com os valores em pesos cubanos, mas disse que eram em dólares!

Menções à educação e à saúde, nem pensar. Na educação, ele apenas mencionou o assunto de leve, e o principal ponto foi ridicularizar o fato de todos os alunos usarem uniformes. Quanto à saúde, nem tocou no assunto.



Pobres criancinhas cubanas, não podem ter celular!

E a palestra seguiu assim, no melhor estilo “Li na Veja”. Os engenheiros foram presas fáceis. Pergunta de um deles: “Professor, se eles ficam 12 anos estudando, e viram nos livros as revoluções que aconteceram em outros países, por que eles não fazem uma revolução também para se livrar dessa situação?”. E a resposta do palestrante: “Porque eles tem medo”.

E para terminar, ele ainda apresentou alguns slides cujo nome do arquivo era: “Cuba-Cultura”, onde mostrou fotos da estada dele e da esposa num parque aquático em Havana onde os golfinhos faziam malabarismos. Frase dele: “Valeu a pena ter ido a Havana principalmente por causa disso”.

Haveriam muito mais coisas aqui para citar, mas o texto já está longo, a temperatura é de 2° e o álcool consumido no ônibus começa a fazer efeito. Mas retornarei a falar sobre o assunto. Desculpe se este post não tem um grande sentido. É que dá raiva. Junte a isso outros fatos tenebrosos que uma amiga minha me contou, e temos um barril de pólvora na minha cabeça. Mas deixa pra lá. O que importa é que os golfinhos, ah, os golfinhos eram tão bonitinhos...

Um comentário:

  1. É muito mais fácil aceitar o que lhe impõem. Pensar por si mesmo, colocar a crítica trabalhar, é difícil.

    "Pensar é o trabalho mais difícil que existe. Talvez por isso tão poucos se dediquem a ele."
    (Henry Ford)

    Sem mais.


    [PS: Não era bem essa "frase pronta" que queria usar aqui, mas assim que achar a outra eu comento!]

    ResponderExcluir