13 de jan. de 2009

Vamos dar uma alienadinha?

Neste exato momento, enquanto escrevo este post, a grande, a esmagadora maioria dos brasileiros estão ligados em um programa. Não é qualquer programa. É o programa de maior audiência da televisão brasileira. É o programa que vai ser a base de 98% das conversas, até abril, nas salas de aula, nos escritórios, nos bares, após o futebol, e, quem sabe, até no Palácio do Planalto. Sim, é ele, o Grande Irmão do Brasil.
Por favor, apenas um aviso: se você assiste este programa, não chegue perto de mim. Ou, pelo menos, não comente NADA sobre o dito cujo perto de mim. E eu estou falando sério.
É simplesmente incompreensível como algo tão fútil, tão mesquinho tão baixo e tão vulgar pode fazer tanto sucesso. Será que as pessoas que estão lá dentro são um reflexo dos que assistem? Pode ser. Mas a questão é que não são apenas as pessoas das classes menos favorecidas, e, TEORICAMENTE, as que tem menos “cultura”, que assistem o Grande Irmão. Todas as classes sociais assistem. Tenham certeza que o assunto mais comentado em jantares burgueses, em salões de beleza cujo atendimento custa mais que meu salário do ano todo, nas faculdades, enfim, nos mais diversos lugares da “alta sociedade”, será o programa que inicia hoje.
E como se já não bastasse a Yeda, desgraça pouca é bobagem para o Rio Grande do Sul. Leio em sites por aí que o nosso estado, proclamado aos quatro ventos como o mais politizado, o mais culto, o mais desenvolvido do Brasil, terá TRÊS representantes. Semana passada, estava degustando o DELICIOSO almoço preparado por estas mãos que ora digitam o teclado, quando o Jornal do Almoço (melhor nome) passa uma matéria mostrando a vida, as fotos, as famílias, os cachorros, os canários belgas, enfim, tudo sobre os três gaúchos que nesse momento estão conversando com Pedro “Adoro Fazer Crônicas” Bial. Obviamente, quando vi do que se tratava, troquei de canal, mas quando voltei para o canal dos Sirotski, mais de dez minutos depois, a matéria ainda estava lá, me atormentando. Com certeza, foi a grande matéria do dia, afinal, passou no horário mais “nobre” do noticiário.
Ontem estava no ClicRBS quando vejo uma das matérias: “Família de Fulana (nome da participante) já encomendou as camisetas para a torcida”. E a matéria dedicava-se a mostrar como ia ser a camiseta que a família de uma das três pessoas usaria para torcer pela bendita. Dava, inclusive, detalhes como o local onde foi feito e o número de camisetas encomendadas. A mãe, inclusive, deu uma declaração parecida com essa: “Ela pediu que as camisetas fossem desse tipo”.
É, realmente não será fácil sobreviver intacto às rodas de conversa nos próximos três meses. O que nos resta é tapar os ouvidos ou engolir o que dizem e depois vomitar tudo no banheiro.
Recomendo, também, não entrar em sites do tipo Terra, Globo, Uol, entre outros, pois o assunto do momento todos já sabem qual é. Não, não é o genocídio em Gaza, não é a crise econômica mundial, não é a posse de Obama. È um programa que oferece muita cultura, ensino e inteligência à população brasileira. Um programa que ensina vícios lindos como cigarro e bebida. Um programa que nos faz refletir muito sobre a situação atual do Brasil. Afinal, um programa cuja proposta é dar comida, bebida, diversão e tranqüilidade (Trema FOREVER) de graça a 18 pessoas sem cérebro deve ser muito mais interessante do que Papos Chatos como política, cultura, educação...

2 comentários:

  1. CAMBALACHE



    Que el mundo fue y sera una porqueria,
    Que o mundo foi e será uma porcaria,

    ya lo se;
    já sei;

    en el quinientos seis
    em quinhentos e seis

    y en el dos mil también;
    e em dois mil também;

    que siempre ha habido chorros,
    que sempre tem havido safados,

    maquiavelos y estafaos,
    malandros e gatunos,

    contentos y amargaos,
    contentes e descontentes,

    valores y dubles,
    sinceros e falsos,

    pero que el siglo veinte es un despliegue
    porém que o século vinte é uma piada

    de malda insolente
    de turma insolente

    ya no hay quien lo niegue;
    ja não há quem negue;

    vivimos revolcaos en un
    merengue
    vivemos revirados em um merengue

    y en un mismo lodo todos manoseaos.
    e em um mesmo lodo todos manuseados.

    Hoy resulta que es lo mismo
    Hoje resulta que dá no mesmo

    ser derecho que traidor,
    ser direito ou traidor,

    ignorante, sabio, chorro,
    ignorante, sábio, safado,

    generoso, estafador.
    generoso, gatuno.

    Todo es igual; nada es mejor;
    Tudo é igual; nada é melhor;

    lo mismo un burro que un gran profesor.
    igual um burro que um grande professor.

    No hay aplazaos ni escalafon;
    Não há ralé nem bacanas;

    los inmorales nos han igualao.
    os imorais nos igualaram.

    Si uno vive en la impostura
    Se um vive na mentira

    y otro roba en su ambición,
    e outro rouba na sua ambição,

    da lo mismo que si es cura,
    dá no mesmo ser padre,

    colchonero, rey de bastos,
    mendigo, rei de paus,

    caradura o polizon.
    malandro ou honesto.

    Que falta de respeto,
    Que falta de respeito,

    que atropello a la razon;
    que atropelo à razão;

    cualquiera es un señor,
    qualquer um é um senhor,

    cualquiera es un ladron.
    qualquer um é um ladrão.

    Mezclaos con Stavisky
    Misturado com Stavisky

    van Don Bosco y la Mignon,
    estão Dom Bosco e La Mignon,

    don Chicho y Napoleon,
    Dom Chicho e Napoleão,

    Carnera y San Martin.
    Carnera e San Martin.

    Igual que en la vidriera
    irrespetuosa
    Como na vitrine desrespeitosa

    de los cambalaches
    dos cambalachos

    se ha mezclao la vida
    misturou-se a vida

    y herida por un sable sin
    remaches
    e ferida por um sabre sem piedade

    ves llorar la Bíblia contra un bandoneon.
    vês chorar a Biblia contra um bandoneom.

    Siglo veinte, cambalache
    Século vinte, cambalacho

    problematico y febril;
    problemático e febril;

    el que no llora, no mama,
    o que não chora, não mama,

    y el que no roba es un gil.
    e o que não rouba é um otário.

    Dale no mas, dale que va,
    Venham leis, venham e vão,

    que alla en el horno nos vamo a encontrar.
    que lá no inferno vamos nos encontrar.

    No pienses mas, sentate a un lao,
    Não penses mais, senta-te a um lado,

    que a nadie importa si naciste honrao.
    que a ninguém importa se nasceste
    honrado.

    Que es lo mismo el que trabaja
    Que é o mesmo o que trabalha

    noche y día como un buey
    noite e dia como um boi

    que el que vive de los otros,
    que o que vive dos outros,

    que el que mata que el que cura
    que o que mata ou o que cura

    o esta fuera de la ley.
    ou esta fora da lei.

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