30 de set. de 2008

Muros, algemas e coisas do gênero

Eu trabalhei por mais de quatro anos na imprensa, dei uma pausa nesse ano, mas em 2009 voltarei a trabalhar com comunicação, e posso confirmar para vocês: a imprensa é muito podre.
Esse post soa como o óbvio ululante, algo que todos nós falamos, mas eu preciso repetir: incrível o poder que a mídia tem para distorcer ou colocar as informações da maneira que melhor lhe convêm.
Vamos falar apenas de dois exemplos: primeiramente, a questão do Muro da UFGRS, citado no post anterior. Li a matéria sobre o assunto na Zero Hora (logo onde, puts), e na matéria sempre era citado o fato de que o muro era propriedade pública. Ou seja, trazia-se à tona uma discussão, mas sempre com a “informação adicional” incluída, de maneira a colocar, de forma intrínseca na cabeça das pessoas, a opinião do veículo. O mesmo se lê no site da RBS e em outros veículos do grupo.
O segundo exemplo é o do já esquecido (esquecido? Por que será?) Caso Daniel Dantas, o banqueiro que tem poderes maiores do que Deus no Brasil e fraudou milhões dos cofres públicos. Nos tempos em que a notícia bombava (depois enjoou, sabe?), muitos veículos como o Jornal Nacional, Jornal da Globo e Jornal da Noite, este ancorado pelo “direitão” Boris Casoy, deram espaço à discussão se a Polícia Federal deveria ou não usar algemas na prisão dos suspeitos (sic). Ora, eles fraudam milhões de nossos cofres, enganam o povo por muitos anos, e querem que eles sejam tratados de que forma? Com champanhe? (pensando bem, é bem provável que eles tenham recebido champanhe francês na cadeia). Boris Casoy gastou preciosos minutos de seu telejornal discutindo à questão, citando, inclusive, que os suspeitos teriam sido tratados de forma violenta. No Senado, o senador Artur Virgílio, do (tcharam!!) PSDB, condenou a atitude da Polícia Federal, que teria usado “de muita força para com estes inofensivos homens”. Ah, eles desviaram milhões? Bom, isso é um mero detalhe que não deve importar muito ao NOBRE parlamentar...

"Ai, minhas lindas e delicadas mãos"

Enfim, o que eu queria dizer é isto: é muito fácil desviar o foco de uma notícia, e muitas vezes (ou na maioria) a maioria da população nem chega a perceber isto. Porém, percebem com extrema facilidade mudanças no caráter da personagem da novela.
Ah sim: agora, fiquem à vontade para me xingar por eu perder tempo lendo Zero Hora ou assistindo Jornal Nacional, Jornal da Globo e Boris Casoy.

Eu mereço.

10 comentários:

  1. Olha, Johnny, quero comentar sobre o muro da UFRGS, sobre o qual eu tenho muito mais domínio do que sobre o Dantas.
    Todos os dias eu passo sobre aquele mesmo muro, quando volto para casa do cursinho. Vou te explicar o que tem de errado: é extremamente racista, na minha opinião. No primeiro dia em que apareceu pintado, fiquei chocada. Era início de agosto, época em que os cotistas da UFRGS passavam pelo trote (já que os cotistas ficaram prô segundo semestre). Ao ver os negrinhos desenhados, aquele "que(m)" e naquela época, interpretei da seguinte maneira: estão protestanto contra os cotistas (do ensino público e NEGROS), para quem perderam vagas. Não quero discutir as cotas, mas dizer que fiquei estarrrecida. Achei apelativo e racista o protesto. Antes que a ZH publicasse qualquer coisa, eu comentei em casa e com um Garibaldense que tá cursando administração por aqui. Essa é a leitura que eu faço do muro. E tô muito feliz agora que passo por lá e vejo aquele cartaz facista destruído.

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  2. Que nem disse "meu amigo" no sábado a à tarde: "Vamos mudar a lei para: só vai preso ladrão pobre. Daí estaremos de acordo com a realidade!"

    Beijomeliga!
    Hehehehehe...

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  3. Não acho, Mariana, que a pintura tenha essa característica fascista... Até porque fascistas não usam de expressões como o grafite pára expressar suas idéias...
    O próprio blog que eu indico no post anterior é uma prova disso, onde a gente vê diversas pinturas de pessoas das mais diversas "cores"...

    Acho que o questionamento que a pintura faz é o quê e para quê as pessoas adquirem conhecimento na unievrsidade: para a vida, no desenvolvimento de um pensamento e de uma razão crítica, ou para o "sistema", com um conhecimento técnico, centrado e estritamente limitado.

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  4. Ops, desculpem pelo acento no "pára"... Ignorem, hehe...

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  5. Mariana, tu tá te enganando de muro.
    O muro que deu toda essa polêmica fica lá no campus do Vale, em Viamão praticamente. Não sei de qual tu tá falando, mas não tem nada a ver com cotas nem com racismo. Nunca teve.
    A pintura inclusive faz referência às lutas populares, como a defesa da Universidade Pública e Popular.
    O problema todo que deu foi pq:
    1. O babaca reclamou dizendo que pintaram sem autorização e que o muro era público.
    2. Justamente por a frase incitar um pensamento subjetivo.

    E isso JAMAIS será um cartaz fascista. Interpretou errado.

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  6. A, e é justamente por causa da Universidade Pública e Popular que tem negros pintados. Mah gente!
    Se põem os negros, é racismo. Se não põem, é racismo!
    Não entendo mais nada.

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  7. O muro tem uma filial perto do Direito. É o mesmo cartaz. e eu interpretei assim pq apareceu lá BEM QUANDO os cotistas começaram as aulas. Foi tanta coincidência que, àquela época, julguei dessa maneira. Afinal, essa capital tá uma loucura contra essa história de cotas. E tem muito protesto racista sim (mesmo que aquele não tenha nada a ver com o pastel). Apenas liguei os pontos. Tipo, parecia que era esse o protesto: "de que serve teu conhecimento se os cotistas entram sem tê-lo?" Pô, às vezes aparecem uns doidos lá no cursinho aliciando pessoas para burlarem as cotas, entrarem em sites, fazerem votações, protestos, etc., etc. Aí isso. Tá, tudo bem, não vou discutir com a elisa, que tá no meio universitário e deve sabr o que rola por lá. Mas que foi MUITA coincidência, foi. Eu NÃO tinha como pensar diferente por aqueles dias.

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  8. Pode crer Mariana, isso PASSA LONGE de ser algo racista. Vai por mim.

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