12 de set. de 2008

Um 11 de setembro que Machuca, há 35 anos

Não podia deixar este dia acabar (provavelmente será postado depois da meia-noite, mas tudo bem) sem postar algo sobre 11 de setembro, esta data tão especial para a história. E não, não estou falando de 11 de setembro de 2001. Quis o destino que o atentado aos EUA acontecesse justamente num dia que já era histórico, mas desde 2001 este fato ficou em segundo plano quando o calendário assinala 11 de setembro.
Há 35 anos, forças militares chilenas lideradas pelo general Augusto Pinochet bombardearam e invadiram o palácio presidencial de La Moneda, em Santiago, deflagrando o golpe militar que culminaria em uma das mais sangrentas ditaduras já impostas nos tempos modernos.
O caso chileno é único, é especial, no meio de tantas ditaduras que se implantaram na América Latina nas décadas de 60 e 70. E essa especificidade se refere a um homem: Salvador Allende.
Depois de ter sido derrotado nas eleições presidenciais de 1964, Allende saiu-se vitorioso no pleito de 1970. Parecia ser o início de uma sonhada mudança na história política do planeta. Pela primeira vez na história, um presidente socialista, marxista, chegava ao poder através do voto, eleito democraticamente pelo seu povo. Allende foi o primeiro, foi único. Estava surgindo, como ele dizia, a revolução através da democracia.
Suas idéias previam mudanças radicais, contestações do poder de cima para baixo. Reforma agrária, distribuição de renda, nacionalização e tantas palavras que soavam mal aos ouvidos capitalistas começaram a ser pronunciadas e faziam parte dos projetos de Allende.

Tenía un sueño.
Obviamente, isso não agradou nem um pouco a quem estava enraizado no poder e a quem detinha o capital. A nacionalização das reservas de cobre foi o estopim da fúria dos EUA, que deram início a um plano para derrubar o presidente chileno. A elite auxiliou, através de protestos, medidas para frear a economia, boicotes, etc. Pensando que Pinochet fosse um grande aliado, Allende desabafava com o “amigo” as suas angústias, e a decepção por não conseguir realizar as reformas de que tanto sonhava. Contou a ele seus planos de realizar um plebiscito junto à população para decidir sobre a continuidade de seu governo. Pinochet, ao saber disso, tratou de acelerar o planejamento do golpe. E logo no início da manhã de 11 de setembro de 1973, La Moneda foi cercado. Allende, que chegou ao palácio logo depois de saber da insurreição, ainda disse: “Pobre Pinochet, certamente deve estar preso a essa hora”.



Encontro de amigos: Pinochet e meu xará...



... e aqui, o povo a quem tanto serviu despede-se com muita tristeza.

Junto a seus fiéis funcionários e seguidores, o presidente socialista eleito democraticamente resistiu até que pôde. Alguns foram presos, outros torturados, outros fugiram, e de outros não há notícia até hoje. Allende teria se suicidado, segundo a versão oficial. Seu corpo, envolto em uma colcha, foi carregado pelos militares, e seu paradeiro verdadeiro ainda é motivo de dúvidas nos dias atuais.

Segundo dizem, comia criancinhas.

5 comentários:

  1. Para nos esse eh o 11 de setembro mais dramatico, a historia da america latina poderia ter sido outra!
    Enquanto isso continuamos parados, esperando por algo/alguem que nos salve, ou simplesmente ignorando o que se passa.

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  2. ¡ALLENDE, ALLENDE, LA PATRIA NO SE VENDE!

    Falando nisso, alguém tá me devendo um dvd sobre a Revolução Chilena, não?
    hehehehheheheheheheh

    Sabe o que eu tava pensando...
    Dá pra imaginar que todo o 11 de setembro vamos ser atormentados por retrospectivas, reportagens e homenagens acerca do FATO?
    ¡Que asco!

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  3. OFF: Elisa, como tu faz pra digitar o ponto de exclamação no início da frase, en español?

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  4. ctrl+alt+ponto de exclamação
    ¡¡¡¡¡¡!!!!!!!¡¡¡¡¡¡!!!!!

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  5. Bah!!!! Os atentados de 11 de setembro! Nem me lembrava mais! Para mim, esse 11 de setembrode 2008 foi apenas o primeiro dia pós-aníver da minha mami (fez 40!)...bah! Espero que o titio Arbustinho não se magoe comigo, hehehhe.
    Mas falando sério, a "América Latina não vende"...aos States. Depois de muito sangue temos aí Morales, Chaves, Lula, etc. Sim, Lula traiu a esquerda; sim, Chaves é autoritário...etc. Mas não se pode negar que eles são oposição ao neoliberalismo, ao capitalismo selvagem. Eles representam a força latino-americana finalmente se mostrando, após 500 anos de dominação.

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